A Câmara dos Deputados do México aprovou, em outubro de 2019, uma reforma em sua Lei Geral de Saúde para alterar os rótulos de produtos processados com alto teor de açúcares e gorduras saturadas comercializados no país. A nova legislação impõe rotulagem frontal e mensagens de advertência a fim de fornecer informações nutricionais mais claras e reduzir as altas taxas de excesso de peso que o país enfrenta. A obesidade atinge 32,4% de sua população, segundo o Ministério da Saúde, tornando o México o segundo país com maior excesso de peso no mundo, depois dos Estados Unidos.
O projeto “Impacto de la sustitución del azúcar de caña por edulcorantes de alta intensidad en México” (2015-2018) contribuiu para o levantamento de importantes informações e teve participação do Câmpus de Campos de Goytacazes (CCG/UFRRJ). O trabalho – coordenado pelo pesquisador Alberto Santillán Fernández, do Instituto Tecnológico Superior de Venustiano Carranza, atualmente Catedrático-CONACYT no Colégio de pós-graduados campus Campeche – foi financiado pelo governo mexicano e teve como objetivos principais conhecer o mercado de edulcorantes não calóricos, analisar a rotulagem de produtos alimentícios e conhecer os níveis e o impacto econômico da substituição de açúcar de cana na indústria da cana-de-açúcar do país.
Os resultados foram publicados no livro que traz o título do projeto, que constatou que 41% do açúcar de cana foi substituído por edulcorantes. No entanto, em 24% dos produtos não se especificava o tipo de edulcorante utilizado e muitos deles, contando com brechas nas leis mexicanas, recebiam o título de açúcares, confundindo o consumidor.
Para o pesquisador Alberto Santillán, os resultados do projeto, juntamente com os trabalhos de outros pesquisadores das principais universidades do país – como a Universidade Nacional Autônoma do México, a Universidade Autônoma de Chapingo e o Colégio de Pós-Graduação – contribuíram para essa importante conquista para a sociedade mexicana. Conquista que deve regular a rotulagem dos produtos da indústria de alimentos e bebidas, para que o consumidor saiba exatamente o que está comendo em sua dieta. Também afirma que os desafios para o setor canavieiro no México são a diversificação do uso da cana e o desenvolvimento de novas variedades que melhorem a rentabilidade dos produtores rurais.
O agrônomo do CCG, Willian Pereira, que durante o projeto desenvolveu atividades em quatro estados mexicanos, ressalta que a iniciativa trouxe informações importantes para o consumidor, com acesso à informação e possibilidade de escolha de produtos mais saudáveis. E também beneficiou o setor canavieiro mexicano, que tem seu foco apenas na produção de açúcar. “A diversificação dos produtos da cana-de-açúcar será fundamental para a sobrevivência e sustentabilidade da produção do setor canavieiro mexicano”, afirma Pereira.
Abaixo, fotos de rótulos de alimentos e bebidas após a aprovação da nova lei.
Texto: CCG/UFRRJ
Publicado em 23/10/2020 – https://portal.ufrrj.br/ufrrj-de-campos-participa-de-projeto-de-rotulagem-de-alimentos-no-mexico/