Um novo protótipo de colhedora de cana-de-açúcar está em avaliação em Campos dos Goytacazes, norte do Rio de Janeiro. Os primeiros testes em áreas comerciais ocorreram nos meses de julho e agosto de 2022, sob a coordenação dos engenheiros agrônomos Willian Pereira e Tamys Luiz Fernandes, ambos do Câmpus Campos dos Goyataczes – UFRRJ. As áreas foram selecionadas em parceria com a Associação Fluminense dos Plantadores de Cana (Asflucan) e Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro).
A colheita da cana-de-açúcar é um dos principais gargalos da produção canavieira fluminense. Atualmente, 85% da área de produção de cana-de-açúcar do estado ainda é realizada de forma manual com queima prévia. Como já é sabido, a prática de utilização do fogo como método despalhador e facilitador do corte resulta em diversos problemas, como aumento das emissões de gases de efeito estufa, produção de fuligem, aumento de doenças respiratórias, empobrecimento do solo, morte de animais e perda de biodiversidade, entre outros.
A Lei Estadual 5.990/2011 propõe o fim gradual da queima da cana-de-açúcar e, em 2024, esta forma de colheita não será mais usada no estado. No entanto, as atuais colhedoras de cana-de-açúcar disponíveis no mercado não são adequadas para as condições de cultivo do norte do RJ. Estas grandes máquinas apresentam baixa eficiência em canaviais com baixa produtividade e em pequenas áreas, situação comum no norte fluminense. Além disso, o custo para aquisição e manutenção deste tipo de colhedora é elevado. Por estas e outras razões, o setor aguarda com grande expectativa os resultados do projeto e possibilidade de futura obtenção de uma máquina adaptada às condições da produção regional.
Nesta safra foram avaliadas diferentes configurações do sistema de corte, velocidade da máquina, capacidade operacional, rendimento em diferentes canaviais, contaminação da matéria prima, entre outros. O coordenador do projeto pelo lado brasileiro, Willian Pereira, ressalta que o desempenho da máquina foi muito positivo, além de possibilitar a identificação de pontos de melhoria, que serão incorporados no segundo protótipo, já em desenvolvimento na Alemanha.
O desenvolvimento da colhedora faz parte do escopo do Projeto Trabbio (Transformation of Brazilian Organic Residue Masses into Recyclable Materials and Energy Sources). A UFRRJ é uma das parceiras brasileiras do Projeto e responsável pelas avaliações da colhedora em diferentes condições de campo. O projeto é liderado pela Cutec e pelo Institute for Technology and Resources Management in the Tropics and Subtropics (ITT) da Technical University of Cologne, também da Alemanha.
(Texto e fotografias: CCG/UFRRJ)